Sangue, órgãos, músculos, tendões e ossos – até quimicamente somos iguais. Sempre penso nisso. Uma vez me veio à mente que eu deveria contar uma história sobre a humanidade. Assim como as minhas outras ideias, ela veio de algum lugar em formato de um sonho. Como um pequeno grão, eu o plantei sem esperar como seriam as cores de suas flores. Os seus frutos estão nesta exposição. Amargos para alguns paladares e exóticos para outros – depende de quem os experimenta. Para mim, só me resta sentar à sua sombra e lembrar de todo o seu percurso, da semente até a árvore e, por fim, refletir e aguardar a próxima semente.
Em OJardim, Daniel Malva foi pautado por seus estudos e pesquisas da técnica fotográfica através da poiesis. Nesta coleção, ele parte do ponto de que somos organismos em um imenso jardim onde é cultivada nossa personalidade. As imagens assumem, em seus títulos, arquétipos e sentimentos de nossa trajetória neste universo imaginado pelo artista. O foco preciso, resultado da lente construída por Malva, evidencia a nossa relação morte/tempo e a incansável ânsia em descobrir quais são as razões para nossa existência. A série possui 25 imagens e foi apresentada na Solar da Marquesa de Santos / Museu da Cidade de São Paulo, no inicio do ano de 2015.
Desde 2004 o artista busca novas abordagens para a sua produção: construindo lentes, alterando químicos e mudando o software de câmeras digitais. Todas essas práticas vêm de sua curiosidade em explorar como os objetos e processos funcionam. Em 2009, Malva apresentou a série Museu de História Natural pela primeira vez na Galeria Mezanino. O trabalho foi selecionado para fazer parte da exposição e do livro Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira, com curadoria de Eder Chiodetto. Em 2014, Malva teve duas exposições solos, em Londres e Oslo, através da galeria Kristin Hjellegjerde, de Londres, que o representa na Europa.