O artista venezuelano Christian Vinck, apresenta “Albúm Nº 3 / pintura S U D A K A”, sua primeira exposição individual na Galeria Leme. Através de diversas abordagens sobre a pintura sul americana, o artista desarticula e revisita certas ideias preconcebidas sobre a pintura popular de nosso continente, jogando com as regras de sua composição e propondo uma revisão pessoal e histórica de sua configuração.
Pensar na pintura de nosso continente, não da sua origem, mas sim de sua releitura, é uma tarefa que aponta diretamente a problematizar a história do território em que vivemos. Os deslocamentos da pintura popular, em momentos próximos ao primitivismo e visceralidade dos seus temas, invariavelmente acabam tornando-se um negócio de caráter pessoal. Assim se constrói uma coleção que junta grandes e pequenas histórias ou um inventário que remete as profundas narrativas que se cruzam. Estes aspectos são chaves para a exposição de Christian Vinck.
Entre as obras expostas estão: a série “Cerro e Piedra”, uma revisão exaustiva da Serra Huelén, em Santa Lucia, Chile, um conjunto de paisagens metafóricas do ponto zero de Santiago, que viajam no tempo através de diferentes arquivos visuais uma vez que representam uma pesquisa sobre as utopias das construções hispânicas, destinadas a ser o maior aparato de defesa contra os povos nativos que povoaram o território da capital do pais. Seguindo a linha da Série anterior, destaca-se “Trazos Nativos (La melancolia austral)”, uma série de pinturas baseadas em desenhos indígenas do sul do Chile, em especial a arte do povo Mapuche. Estes trabalhos se revelam através de sua pesquisa de padrões e certos aspectos culturais do Chile, idiossincrasia que de modo geral determina a melancolia chilena, presente no seu povo e que ilustra o imaginário da vanguarda andina.
Retornando a Venezuela, terra natal do artista, a seu passado recente, apresenta a série “Pisos de casa venezolana”, um tríptico com detalhes dos pisos de sua casa em Maracaibo ou imagens reminiscentes ao lar, sua linguagem, como um espaço em que vive e que vive nele. Outra obra desse país, são as pinturas de “Alfarería venezolana”, trabalho que concentra seu objeto na cerâmica espanhola introduzida na Venezuela e que foi evoluindo até transformar-se em um produto enraizado na cultura de seu povo: o trabalho de mãos, terra e fogo.
Finalmente, as obras de “Guston revisitado, catálogo en blanco y negro”, é um conjunto de reproduções de obras do pintor norte americano Philip Guston, criando assim um catálogo das obras retratadas e das cores. No entanto e mas adiante de sua solução visual, esta série é a que retrata com maior clareza a tensão pictórica e acadêmica gerada entre as correntes norte americanas e sul-americanas.
Christian Vinck (Maracaibo, Venezuela, 1978)
É um artista autodidata que, atualmente, se dedica à pintura. Vinck se caracteriza por ser um
colecionador de imagens e criador de obras que retratam e reinterpretam documentos e
temas inspirados por uma variedade infinita de estímulos visuais.
Participante da 30ª Bienal de São Paulo, sua obra também faz parte das coleções Cisneros, Colección Mercantil, Caracas, Venezuela e The Blanton Museum of Art, Austin, Texas, Estados Unidos.